Era uma vez - Fábulas e Lendas: novembro 2012

Olá, crianças!

27 de novembro de 2012

Pau de Dois Bicos, Monteiro Lobato



Um morcego estonteado pousou certa vez no ninho da coruja, e ali ficaria de dentro se a coruja ao regressar não investisse contra ele. 
- Miserável bicho! Pois te atreves a entrar em minha casa, sabendo que odeio a família dos ratos? 
- Achas então que sou rato? Não tenho asas e não vôo como tu? Rato, eu? Essa é boa!... 
A coruja não sabia discutir e, vencida de tais razões, poupou-lhe a pele. 
Dias depois, o finório morcego planta-se no casebre do gato-do-mato. O gato entra, dá com ele e chia de cólera. 
- Miserável bicho! Pois te atreves a entrar em minha toca, sabendo que detesto as aves? 
- E quem te disse que sou ave? - retruca o cínico - sou muito bom bicho de pêlo, como tu, não vês? 
- Mas voas!... 
- Vôo de mentira, por fingimento.. 
- Mas tem asas! 
- Asas? Que tolice! O que faz a asa são as penas e quem já viu penas em morcego? Sou animal de pêlo, dos legítimos, e inimigo das aves como tu. Ave, eu? É boa... 
O gato embasbacou, e o morcego conseguiu retirar-se dali são e salvo. 

Moral da Estória: 
O segredo de certos homens está nesta política do morcego. É vermelho? Tome vermelho. É branco? Viva o branco!