Era uma vez - Fábulas e Lendas: maio 2012

Olá, crianças!

30 de maio de 2012

O Leão e o Rato. Fábula de Esopo

Certo dia, estava um Leão a dormir a sesta quando um ratinho começou a correr por cima dele. O Leão acordou, pôs-lhe a pata em cima, abriu a bocarra e preparou-se para o engolir.
- Perdoa-me! - gritou o ratinho - Perdoa-me desta vez e eu nunca o esquecerei. Quem sabe se um dia não precisarás de mim?
O Leão ficou tão divertido com esta ideia que levantou a pata e o deixou partir.
Dias depois o Leão caiu numa armadilha. Como os caçadores o queriam oferecer vivo ao Rei, amarraram-no a uma árvore e partiram à procura de um meio para o transportarem.
Nisto, apareceu o ratinho. Vendo a triste situação em que o Leão se encontrava, roeu as cordas que o prendiam. E foi assim que um ratinho pequenino salvou o Rei dos Animais.

Moral da história:
Não devemos subestimar os outros.


Os carneiros e o porco. Fábula de Esopo


Um porco, que vivia desgarrado, tinha-se misturado a um rebanho de carneiros e pastava com eles, feliz por ter companhia. Um dia o pastor o encontrou entre o seu rebanho e resolveu pegá-lo. Corre daqui, corre dali, o porquinho aflito pinotava, tentava se esconder, mas o homem o pegou. O porquinho agoniado gritava, esperneava, resistindo desesperado, quando os carneiros o repreenderam:
-Oh! Amigo porquinho, que gritaria medonha! Nós ficamos berrando quando ele nos pega? Não. Não fazemos isso. 
O porco replicou:
-Questão de detalhe. Quando ele corre atrás de vocês, é porque quer sua lã ou seu leite, mas de mim ele quer a carne.
Os carneirinhos entenderam a situação do porquinho e ficaram triste por nada poderem fazer para salvá-lo.

Moral: Reclamamos com razão, quando querem tirar não nossos bens, mas a nossa vida.

Fábula de Esopo, adaptada por Zenóbia C.M.Cunha

28 de maio de 2012

A Raposa e a Cegonha, fábula de La Fontaine

A Raposa convidou a Cegonha para jantar e lhe serviu sopa em um prato raso.
-Você não está gostando de minha sopa? - Perguntou, enquanto a cegonha bicava o líquido sem sucesso.
- Como posso gostar? - A Cegonha respondeu, vendo a Raposa lamber a sopa que lhe pareceu deliciosa.
Dias depois foi a vez da cegonha convidar a Raposa para comer na beira da Lagoa, serviu então a sopa num jarro largo embaixo e estreito em cima.
- Hummmm, deliciosa! - Exclamou a Cegonha, enfiando o comprido bico pelo gargalo - Você não acha?
A Raposa não achava nada nem podia achar, pois seu focinho não passava pelo gargalo estreito do jarro. Tentou mais uma ou duas vezes e se despediu de mau humor, achando que por algum motivo aquilo não era nada engraçado. 

MORAL: às vezes recebemos na mesma moeda por tudo aquilo que fazemos.



O Lavrador e o Diabo


Um pobre lavrador precisava construir a casa da sua pequena granja, mas não conseguia realizar esse sonho, pois o que ganhava mal dava para alimentá-lo, junto com sua mulher. Por mais economia que fizesse, não conseguia juntar o necessário para começar a construção. 
Um dia, estando a caminhar pelo seu pedaço de chão, mergulhado em tristes pensamentos, deu com um velho esquisito, que lhe disse com voz desagradável : 
- Pára de preocupar-te, homem. Eu posso resolver o teu problema antes do primeiro canto do galo, amanhã cedo. 
- Como assim? Espantou-se o lavrador. 
-Tu precisas construir a casa da granja, certo? Pois eu me encarrego de construir e entregar-te essa obra, antes do canto do galo, em troca de uma pequena promessa tua. 
-Que promessa? Não tenho nada para te oferecer em troca de tal serviço. 
- Não importa: o que quero que me prometas é um bem que tu tens mas ainda não sabes. É topar ou largar.
O pobre granjeiro pensou com seus botões " o que é que eu tenho a perder?" E, sem hesitar mais, respondeu ao velho que aceitava o trato, e fez uma promessa.
-Só que quero ver a casa da granja construída, amanhã, antes do canto do galo observou ele, ainda meio incrédulo.
E voltou correndo para a casa, para comunicar à esposa o bom negócio que acabara de fechar. A pobre mulher ficou horrorizada:
-Tu és louco, marido! Acabas de prometer àquele velho, que só pode ser o próprio diabo, o nosso primeiro filho, que vai nascer daqui a alguns meses!
O homem, que não sabia da gravidez, pôs as mãos na cabeça, mas não havia mais nada a fazer: o pacto estava selado.
Porém, a mulher, que não estava disposta a aceitá-lo, ficou pensando num jeito de frustrar o plano do diabo. E naquela noite, sem conseguir dormir, ficou o tempo todo escutando apavorada o barulho que o demônio e seus auxiliares infernais faziam, ao construírem a tal obra, com espantosa rapidez.
A noite ia passando, aproximava-se a madrugada. Mas pouco antes de o céu clarear, quando faltavam só poucas telhas para a conclusão da obra, a atenta mulher do granjeiro pulou da cama e, rápida e ágil, correu até o galinheiro, onde o galo ainda não despertara. Tomando fôlego, imitou o canto do galo, com tal perfeição que todos os galos da vizinhança, junto com o seu próprio, lhe responderam com um coro sonoro de cocoricós matinais, momentos antes do romper da aurora.
Como um trato com o diabo tem de ser estritamente observado, tanto pela vítima como por ele mesmo, a obra em final de construção teve de ser parada naquele mesmo instante, por quebra de contrato "antes do primeiro canto do galo".
E o diabo, espumando de raiva por se ver assim ludibriado e espoliado, se mandou de volta para o inferno, junto com os seus acólitos, para nunca mais voltar àquele lugar.
Mas a casa da granja permaneceu construída, para a alegria do granjeiro, faltando apenas aquelas poucas telhas, que jamais puderam ser colocadas.

LENDA ALEMÃ RECONTADA PELA ESCRITORA DE LITERATURA INFANTIL TATIANA BELINKY E ILUSTRADA POR WALTER ONO.RETIRADA DA REVISTA ESCOLA.


27 de maio de 2012

Os Animais e a Peste

Em certo ano terrível de peste entre os animais, o leão, mais apreensivo, consultou um macaco de barbas brancas.
- Esta peste é um castigo do céu - respondeu o macaco - e o remédio é aplacarmos a cólera divina sacrificando aos deuses um de nós.
- Qual? - perguntou o leão.
- O mais carregado de crimes.
O leão fechou os olhos, concentrou-se e, depois duma pausa, disse aos súditos reunidos em redor:
- Amigos! É fora de dúvida que quem deve sacrificar-se sou eu. Cometi grandes crimes, matei centenas de veados, devorei inúmeras ovelhas e até vários pastores. Ofereço-me, pois, para o sacrifício necessário ao bem comum.
A raposa adiantou-se e disse:
- Acho conveniente ouvir a confissão das outras feras. Porque, para mim, nada do que Vossa Majestade alegou constitui crime. São coisas que até que honram o nosso virtuosíssimo rei Leão.
Grandes aplausos abafaram as últimas palavras da bajuladora e o leão foi posto de lado como impróprio para o sacrifício.
Apresentou-se em seguida o tigre e repete-se a cena. Acusa-se de mil crimes, mas a raposa mostra que também ele era um anjo de inocência.
E o mesmo aconteceu com todas as outras feras.
Nisto chega a vez do burro. Adianta-se o pobre animal e diz:
- A consciência só me acusa de haver comido uma folha de couve da horta do senhor vigário.
Os animais entreolharam-se. Era muito sério aquilo. A raposa toma a palavra:
- Eis amigos, o grande criminoso! Tão horrível o que ele nos conta, que é inútil prosseguirmos na investigação. A vítima a sacrificar-se aos deuses não pode ser outra porque não pode haver crime maior do que furtar a sacratíssima couve do senhor vigário.
Toda a bicharada concordou e o triste burro foi unanimemente eleito para o sacrifício.

Moral da Estória:Aos poderosos, tudo se desculpa... Aos miseráveis, nada se perdoa.
Autor desconhecido 


25 de maio de 2012

A rã e o Boi, fábulas de Jean de La Fontaine

Uma rã vê um boi que lhe parece muito belo por causa do seu porte avantajado.
Ao se ver tão pequena, pois o seu tamanho correspondia ao de um ovo, a rã, invejosa, começou a alargar-se, a inchar-se e a esforçar-se para igualar-se em grandeza física ao boi.
E, dirigindo-se a outra rã, perguntou-lhe:
- Olhe bem, minha irmã! Já aumentei o bastante?
- Absolutamente não - respondeu a companheira.
- E agora - insiste a invejosa - Já estou parecida com ele?
- De maneira alguma - confirmou a outra.
A rã estufou mais um pouco e perguntou novamente:
- E agora, então? Como estou?
- Você nem sequer chega perto dele.
A rã idiota inchou-se tanto que estourou.


A Parte do Leão


A onça, a raposa e o macaco receberam um convite do Leão para constituírem uma Empresa de Caça muito lucrativa para todos, pois caçando juntos, trabalhariam menos e teriam muito mais comida.
- Aliemo-nos e cacemos juntos, repartindo a presa fraternakmente, de acordo com os nossos direitos.
- Muito bem! - exclamaram os convidados muito animados com a perspectiva de tanta fartura. - Isso resolve todos os problemas da nossa vida.
E sem demora puseram-se a fazer a experiência do novo sistema. Corre que corre, cerca daqui, cerca dali, caiu-lhes nas unhas um pobre veado. Diz o leão:
- Já que somos quatro, vamos reparti-lo em quatro pedaços iguais.
- Ótimo! Concordaram os outros.
O leão repartiu a presa em quatro partes e, tomando uma, disse:
- Cabe a mim este pedaço, como rei que sou das florestas.
Os outros concordaram e o leão retirou a sua parte.
- Este segundo também me cabe porque me chamo Leão.
Os sócios entreolharam-se, já desconfiados.
- E este terceiro ainda me pertence de direito, visto que sou mais forte do que todos vós.
A raposa então resolveu intervir, dizendo ao leão:
- Muito bem. Ficas com três pedaços, concordamos (que remédio!); mas o quarto tem que ser dividido entre nós.
- Às ordens! - exclamou o leão. - Aqui está o quarto pedaço às ordens de quem tiver a coragem de agarrá-lo.
E arreganhando os dentes assentou as patas em cima.
Os três companheiros só tinham uma coisa a fazer: meter a caudas entre as pernas. Assim fizeram e sumiram-se, jurando nunca mais entrar em negócios com leão dentro.

Adapatada da fábula de Monteiro Lobato

MORAL: "Esta fábula satiriza a hipocrisia das grandes senhores (representados pelo leão), que propõem grandes negócios aos ingênuos, mas na hora de dividirem os lucros empregam a força para fazer prevalecer seus interesses."



23 de maio de 2012

O Corvo e o Pavão, fábula de Monteiro Lobato


O pavão, de roda aberta em forma de leque, dizia com desprezo ao corvo:
▬ Repare como sou belo! Que cauda, hein? Que cores, que maravilhosa plumagem! Sou das aves a mais formosa, a mais perfeita, não?
▬ Não há dúvida que você é um belo bicho -- disse o corvo. Mas, perfeito? Alto lá!
▬ Quem quer criticar-me! Um bicho preto, capenga, desengraçado e, além disso, ave de mau agouro... Que falha você vê em mim, ó tição de penas?
O corvo respondeu:
▬ Noto que para abater o orgulho dos pavões a natureza lhes deu um par de patas que, faça-me o favor, envergonharia até a um pobre diabo como eu...
O pavão, que nunca tinha reparado nos próprios pés, abaixou-se e contemplou-os longamente. E, desapontado, foi andando o seu caminho sem replicar coisa nenhuma.
Tinha razão o corvo: *não há beleza sem senão*.

(Monteiro Lobato. Fábulas. São Paulo, Brasiliense, 1994. p. 30.)


21 de maio de 2012

A Raposa que perdeu o rabo. Fábula e Esopo.

Havia uma raposa que costumava andar distraida pela mata. Num belo dia de suas andanças, caiu numa armadilha. Conseguiu escapar a tempo, mas perdeu o rabo. Sentia vergonha e então pensou num jeito de disfarçar o vexame de ser a única raposa sem rabo do mundo. Teve uma idéia: Convocou todas as raposas do mato para uma reunião. 
- Amigas, estive pensando que trazemos esse longo rabo sem nenhuma serventia. Além disso ele nos atrapalha nas corridas. É um pedaço de carne balançando pra lá e pra cá que só enfeia nosso belo corpinho. Sugiro que todas arranquemos logo esse rabo inútil. 
- Você está certa, companheira - falou a mais velha. - Nosso rabo, além de inútil, é muito feio e só atrapalha. Devemos cortá-lo imediatamente. Já que a idéia foi sua, que seja a primeira a cortá-lo. Vire-se para que possamos realizar a operação. 
Desenxabida, a raposa não teve outra saída a não ser virar-se de costas e mostrar traseiro cotó para as outras, que foram embora às gargalhadas.

Moral da história: Os espertos demais costumam se atrapalhar e só dão conselhos pesando em si próprios.

Nicéas Romeo Zanchett 
http://romeozanchett-desenhos.arteblog.com.br



O Camundongo da Cidade e o do Campo. Fábula de Esopo


Um camundongo que morava na cidade foi, uma vez, visitar o primo que vivia no campo. Este era um pouco arrogante e espevitado, mas queria muito bem o primo, de maneira que o recebeu com muita satisfação. Ofereceu-lhe o que tinha de melhor: feijão, toucinho, pão e queijo.
O camundongo da cidade torceu o nariz e disse:
-Não posso entender, primo, como você consegue viver com estes pobres alimentos. Naturalmente, aqui no campo, é difícil obter coisa melhor. Venha comigo e eu lhe mostrarei como se vive na cidade. Depois que passar lá uma semana, você ficará admirado de ter suportado a vida no campo
Os dois puseram-se, então, a caminho. Tarde da noite, chegaram à casa do camundongo da cidade.
-Certamente você gostará de tomar um refresco, após esta caminhada, disse ele polidamente ao primo.
Conduziu-o à sala de jantar, onde encontraram os restos de uma grande festa. Puseram-se a comer geléias e bolos deliciosos. De repente, ouviram rosnados e latidos.
-O que é isto? Perguntou, assustado, o camundongo do campo.
São, simplesmente, os cães da casa, respondeu o da cidade.
-Simplesmente? Não gosto desta música durante meu jantar.
Neste momento, a porta se abriu e apareceram dois enormes cães. Os camundongos tiveram de fugir a toda pressa.
-Adeus, primo, disse o camundongo do campo. Vou voltar para minha casa de campo.
-Já vai tão cedo? perguntou o da cidade.
-Sim, já vou e não pretendo voltar, concluiu o primeiro.

Moral da história: mais vale o pouco certo, que o muito duvidoso.


Pau de Dois Bicos, fábula de Monteiro Lobato


Um morcego estonteado pousou certa vez no ninho da coruja, e ali ficaria de dentro se a coruja ao regressar não investisse contra ele.
- Miserável bicho! Pois te atreves a entrar em minha casa, sabendo que odeio a família dos ratos?
- Achas então que sou rato? Não tenho asas e não vôo como tu? Rato, eu? Essa é boa!...
A coruja não sabia discutir e, vencida de tais razões, poupou-lhe a pele.
Dias depois, o finório morcego planta-se no casebre do gato-do-mato. O gato entra, dá com ele e chia de cólera.
- Miserável bicho! Pois te atreves a entrar em minha toca, sabendo que detesto as aves?
- E quem te disse que sou ave? - retruca o cínico - sou muito bom bicho de pêlo, como tu, não vês?
- Mas voas!...
- Vôo de mentira, por fingimento...
- Mas tem asas!
- Asas? Que tolice! O que faz a asa são as penas e quem já viu penas em morcego? Sou animal de pêlo, dos legítimos, e inimigo das aves como tu. Ave, eu? É boa...
O gato embasbacou, e o morcego conseguiu retirar-se dali são e salvo.
Moral da Estória:
O segredo de certos homens está nesta política do morcego. É vermelho? Tome vermelho. É branco? Viva o branco!


A Menina do Leite. fábula de La Fontaine



A menina caminhava cheia de contentamento, pois era a primeira vez que iria à cidade, para vender o leite de sua vaquinha.
Colocou sua melhor roupa e partiu pela estrada equilibrando a lata de leite na cabeça.
Enquanto caminhava, a menina começou a fazer planos entusiasmados para ganhar dinheiro: 
Vou vender o leite e comprar ovos, uma dúzia. Depois, ponho a galinha a chocar os ovos e ganho uma dúzia de pintinhos, que logo eles crescerão e terei bonitos galos e belas galinhas. 
Venderei os galos e fico com as galinhas, porque são ótimas para pôr ovos. Outra vez ponho os ovos para chocar e terei mais galos e galinhas. 
Venderei tudo e compro uma cabrita e algumas porcas. 
Se cada porca me der três leitõezinhos, vendo dois, fico com um e ...
A menina estava tão distraída com seus pensamentos, que tropeçou numa pedra, perdeu o equilíbrio e levou um tombo inevitável. Todo o leite foi derramado no chão, para desolação da sonhadora.
E os ovos, os pintinhos, os galos, as galinhas, os cabritos, as porcas e os leitõezinhos foram pelos ares... 

Moral da história: Não se deve contar com uma coisa antes de conseguí-la.


O Leão e o Rato, fábula de Jean de La Fontaine


Certo dia, estava um Leão a dormir a sesta quando um ratinho começou a correr por cima dele. O Leão acordou, pôs-lhe a pata em cima, abriu a bocarra e preparou-se para o engolir.
- Perdoa-me! - gritou o ratinho - Perdoa-me desta vez e eu nunca o esquecerei. Quem sabe se um dia não precisarás de mim?
O Leão ficou tão divertido com esta ideia que levantou a pata e o deixou partir.
Dias depois o Leão caiu numa armadilha. Como os caçadores o queriam oferecer vivo ao Rei, amarraram-no a uma árvore e partiram à procura de um meio para o transportarem.
Nisto, apareceu o ratinho. Vendo a triste situação em que o Leão se encontrava, roeu as cordas que o prendiam.
E foi assim que um ratinho pequenino salvou o Rei dos Animais.

Moral da história: Não devemos subestimar os outros.


20 de maio de 2012

O Burro Juiz - Fábula de Monteiro Lobato


Disputava a gralha com o sabiá, afirmando que a sua voz valia a dele. Como as outras aves rissem daquela pretensão, a bulhenta matraca de penas, furiosa, disse:
- Nada de brincadeiras. Isto é uma questão muito séria, que deve ser decidida por um juiz. Canta o sabiá, canto eu, e a sentença do julgador decidirá quem é o melhor artista. Topam?
- Topamos! - piaram as aves - mas quem servirá de juiz?
Estavam a debater este ponto, quando zurrou um burro.
- Nem de encomenda! - exclamou a gralha - está lá um juiz de primeiríssima para julgamento de música, pois nenhum animal possui maiores orelhas. Convidê-mo-lo.
Aceitou o burro o juizado e veio postar-se no centro da roda.
- Vamos lá, comecem! - ordenou ele.
O sabiá deu um pulinho, abriu o bico e cantou. Cantou como só cantam sabiás, garganteando os trinos mais melodiosos e límpidos. Uma pura maravilha, que deixou mergulhado em êxtase o auditório em peso.
- Agora eu! - disse a gralha, dando um passo à frente.
E abrindo a bicanca matraqueou uma grita de romper os ouvidos aos próprios surdos.
Terminada a justa, o meritíssimo juiz deu a sentença:
- Dou ganho de causa à excelentíssima senhora dona Gralha, porque canta muito mais forte que mestre sabiá.
Moral da Estória:
Quem burro nasce, togado ou não, burro morre.

(Fonte: delmamoraes.blogspot.com/2010/03/fabulas-de-monteiro-lobato.html)

O LOBO E A OVELHA


Uma ovelha estava bebendo água no rio quando o lobo apareceu. De dentes à mostra ele pôs-se a berrar:
- Sua ovelha porcalhona, vou devorá-la por sujar a água que estou bebendo.
- Como posso sujar sua água se estou mais abaixo que o senhor?
- OK - disse o lobo, tratando de achar outra justificativa - então vou devorá-la porque soube que no ano passado você me xingou.
- Como posso tê-lo xingado se no ano passado eu nem tinha nascido? Tenho apenas seis meses.
- Se não foi você, foi seu irmão.
- Como pode ser meu irmão se sou filha única?
O lobo impaciente, vendo que a conversa já ia longe demais pro seu gosto, berrou furioso:
- Se não foi você, foi seu pai, ou sua mãe, ou seu avô, ou alguém da sua família e, NHAC, devorou a ovelha num bocado.

MORAL DA HISTÓRIA. Quando as intenções não são boas, não há argumentos convincentes.

Autor: Esopo. Adaptação de Nicéas Romeo Zanchett



19 de maio de 2012

A GALINHA DOS OVOS DE OURO

Um certo casal foi a uma granja e comprou uma galinha. Aparentemente era uma galinha como outra qualquer. Tinha bico, penas, pés e um jeito de bobalhona.
Na manhã seguinte, quando a mulher foi ao galinheiro para recolher os ovos, levou um susto enorme. Em frente aos seus olhos, no meio do ninho, havia um ovo muito diferente, era um ovo de ouro!
A mulher pegou o ovo com a mão direita, cheirou-o, lambeu-o, examinou-o detalhadamente e não teve mais duvida, era mesmo um ovo de ouro verdadeiro. 
Saiu correndo e foi acordar o marido para contar-lhe a novidade.
- Querido, acorde. Olhe o que eu encontrei no ninho da galinha que compramos ontem.
O marido acordou, olhou o ovo dourado, pegou, mediu, lambeu, pesou e, finalmente, soltou um grito:
- Mulher, isso é ouro puro! Estamos ricos!
Diante do fato, a mulher foi logo dizendo:
- Se estamos ricos com um único ovo, imagine como ficaremos com o resto de ovos que essa galinha traz na barriga. Vamos logo abrir seu corpo para pegarmos logo essa fortuna. 
O marido, cego de ambição, não perdeu tempo. Correu até a cozinha, pegou uma faca e decepou a cabeça da galinha.
Ao abrir o corpo, qual não foi sua decepção, dentro dela só havia o que há dentro de todas as galinhas: tripas, coração, moela, rins e sangue.
O ovo de ouro foi logo gasto e os dois continuaram pobres e passaram o resto da vida se acusando:
- Continuamos pobres por sua culpa.
- Não, a culpa é sua que não teve paciência.
- Minha não, foi sua.

Moral da história: O excesso de ambição, leva à precipitação e, quem tudo quer tudo perde.

Autor: Esopo. Adaptação de Nicéas Romeo Zanchett